5 motivos pelos quais você está sentindo dores de cabeça

Desde que a cabeça existe, as dores de cabeça também. A estimativa é que esse incômodo craniofacial esteja há mais de nove mil anos acompanhando o homem, exigindo que mentes pensantes (e dolorosas) articulem novos métodos, medicamentos e formas para driblá-las.

Por enquanto, ainda não há nenhum milagre capaz de extinguir as cefaleias – como são conhecidas no meio científico– para sempre, mas não faltam esforços para tentar entender mais sobre essa dor que acomete cerca de 50% da população do planeta, segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS).

Hoje já entendemos muito sobre ela: primeiro, que devemos mencioná-la no plural, até porque existem mais de 200 tipos de dores diferentes. Sabemos, também, que elas estão associadas a diversos gatilhos que mudam de tempos em tempos e de geração para geração. Por exemplo, se hoje sentimos dores de cabeça após olhar para telas digitais por horas seguidas, nossos antepassados, possivelmente, eram acometidos pelo desconforto por outras razões.

A tendência é que nosso contato com a tecnologia venha a se tornar um gatilho ainda mais forte daqui para frente. É isso que indica a pesquisa "O futuro da dor de cabeça", encomendada por Neosaldina e conduzida pela WGSN Mindset. O estudo levantou quais serão os cinco principais fatores associados às cefaleias nos próximos anos e, além do mundo digital, outras características da sociedade pós-contemporânea também aparecem como problemas:

1. Ansiedade
Antes de ser um vista como um estímulo para dores de cabeça, a ansiedade já é um mal social por si só. Segundo a Organização Mundial de Saúde, cerca de 9,3% da população brasileira sofre do transtorno mental, o que configura o Brasil como o país líder da patologia em todo o globo.

"A ansiedade normal nos ajuda a funcionar mas, em excesso, pode afetar nossa concentração, memória, qualidade de sono e gerar tensão e contração muscular, que são gatilhos para dor de cabeça", afirma a psicóloga especialista em cefaleias, Juliane Prieto Mercante. "As pessoas ansiosas focam mais no resultado negativo das coisas e vivem mais no futuro do que no presente."

Segundo Mercante, como as emoções influenciam nas sensações, a dor chega mais fácil a nesses indivíduos. Por isso, na visão da psicóloga, o ideal é cultivar pensamentos mais positivos e otimistas. 

A alimentação também tem relação com essa sensação. "Mastigar é um movimento mecânico que traz relaxamento e comer alimentos que liberem serontonina também. Porém, quando estamos nervosos, comemos em excesso e antecipamos o resultado negativo do que comemos, alimentando um ciclo de pensamentos negativos", diz a nutricionista Marcia Daskal, que também afirma que o jejum é um gatilho forte para as cefaleias.

Outro ponto que a especialista ressalta são os hábitos alimentares decorrentes de uma rotina corrida. "Chegamos em casa cansados e optamos por alimentos congelados, com muito sal e muita gordura. Tendemos também a usar estimulantes (como café) para driblar esse cansaço. Porém, dependendo da dose, eles podem aumentar os níveis de cortisol no organismo, gerando sudorese, crise de pânico, pressão alta, taquicardia, etc."

2. Esgotamento cerebral
A proximidade com o mundo digital e a ampliação do acesso às redes sociais e à internet também aparece como um gatilho. Segundo os autores da pesquisa, o bombardeamento de informações acarreta em uma falta de foco e de atenção, diminuindo a concentração do indivíduo em certas tarefas. Para entender melhor, por exemplo, preste atenção em quantas abas de seu navegador (ou quantos aplicativos) estão abertas neste momento. 

De acordo com a neurologista Célia Roesler, diretora da Sociedade Brasileira de Cefaleia, o consumo digital pode desencadear em um esgotamento cerebral e em momentos de estresse, que, por sua vez, são passíveis de gerar crises de dor de cabeça.

3. A pós-verdade
Em 2016, o Oxford Dictionary definiu a "pós-verdade" como a palavra do ano. O termo, popularizado após a polarização de debates políticos, indica circunstâncias em que os fatos reais têm menos importância do que as crenças pessoais. Em termos gerais, isso quer dizer que as opiniões subjetivas acabam ganhando posto de verdades absolutas, enquanto informações factíveis são tratadas como falsas. É uma inversão de valores.

"Nossa interpretação dos fatos é rápida, algo como 'se eu sinto, é verdade'. Isso muda nossa relação com os outros e nos torna mais violentos", afirma a psicóloga Mercante. A especialista também adiciona que busca pelo 'real' pode gerar momentos de estresse, os quais, por consequência, trazem crises de dor de cabeça.

4. Autoexigência
Segundo estudo realizado em parceria pelas britânicas University of Bath e York St John University, exigir padrões de perfeição para si e para os outros acarreta em um aumento de ansiedade na população

Considerando que a cobraçada do perfeccionismo é socialmente valorizada em diversos campos da vida, isso pode explicar o número de indivíduos ansiosos que hoje existem no mundo. 

"A nossa cultura favorece isso [a busca pela perfeição]. Toda empresa quer um funcionário que atinja esse padrão, por isso, a ansiedade a irritação são frequentes, pois há o medo e a frustração em errar", considera Mercante.

Essa postura também se faz presente na forma como lidamos com a alimentação. "Nós colocamos restrições que outras pessoas criam com o propósito de atingir padrões irreais. Nunca iremos atingir o corpo perfeito e isso aumenta nossa ansiedade", menciona a nutricionista Daskal. 

5. Ruídos crônicos
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), aproximadamente 3% dos ataques cardíacos e derrames fatais na Europa são resultados dos ruídos de trânsito. 

Além das buzinas, outros barulhos também impossibilitam que tenhamos momentos de silêncio na vida: os alertas do metrô, as vozes da televisão e a incessante companhia dos fones de ouvido. 

"Quando somos interrompidos de executar uma tarefa por meio de um ruído, despendemos de muito esforço para voltar àquilo que estávamos fazendo. Isso gera um grande desgate", afirma a psicóloga. 

Fonte: Galileu

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