Após condenação, Lula diz não ter medo de ser preso e cita Mandela

Em seu primeiro evento público desde a condenação em segunda instância pelo caso do tríplex do Guarujá (SP), o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou que a decisão tomada pelos desembargadores do TRF-4 (Tribunal Regional Federação da 4ª Região) nesta quarta-feira (24) não o surpreendeu e disse não ter medo de ser preso.

"Eu não tenho a preocupação que eles acham que eu vou ter. Eles não podem prender um sonho de liberdade, não podem prender as ideias, não podem prender a esperança. Podem prender o Lula, mas a ideia está colocada na cabeça da sociedade brasileira", bradou o petista durante ato na Praça da República, região central de São Paulo.

No final da tarde, Lula foi condenado a 12 anos e um mês de prisão pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. A pena foi maior do que aquela aplicada na primeira instância, pelo juiz federal Sergio Moro, em julho do ano passado. Na ocasião, o magistrado sentenciou Lula a 9 anos e meio de regime fechado.

Diferentemente do discurso de ontem, quando participou de ato em Porto Alegre, Lula dedicou grande parte de sua fala nesta quarta ao processo pelo qual foi condenado.

Sentenciado a mais de 12 anos de prisão, o petista fez referências a personalidades históricas que foram condenadas e se tornaram mártires.

"O [Nelson] Mandela foi preso e depois voltou e virou presidente na África do Sul", disse. "Mataram Tiradentes, esquartejaram seu corpo para que ninguém nunca mais pensasse em independência nesse país. Quando foram proclamar a República usaram ele como símbolo, herói nacional", discursou.

Apesar dos comentários de Lula sobre prisão, seus advogados disseram, em entrevista coletiva nesta noite, acreditar que o petista não será detido.

"O ex-presidente não oferece nenhuma periculosidade. É uma hipótese exagerada e realmente desnecessária", afirmou José Roberto Batochio em Porto Alegre. A defesa deve entrar com recursos contra uma ordem de execução de prisão caso isso aconteça. "A defesa vai utilizar de todos os meios legalmente previstos para impugnar a decisão", complementou o advogado Cristiano Zanin.

Críticas ao Judiciário e pedido de candidatura
No discurso desta noite, Lula voltou a fazer críticas à operação Lava Jato, ao poder Judiciário e a veículos de mídia. "Nunca tive ilusão em relação à decisão do Tribunal. Nunca tive ilusão em relação ao comportamento dos juízes da Lava Jato. Porque havia um pacto entre o Poder Judiciário e a imprensa para acabar com o PT", afirmou.

"Eu não aceito a mentira pela qual eles tomaram a decisão. Eu não estou preocupado se eu vou ser candidato, eu quero que eles peçam desculpas pelas mentiras que estão contando há quatro anos sobre mim", disse Lula, que chamou o apartamento tríplex de "desgraçado" e voltou a cobrar provas de que o imóvel é seu. "Que eles me deem o apartamento então, porque assim justifica a condenação".

O ex-presidente voltou a dizer que quer ser candidato à Presidência da República. "Quero avisar a elite brasileira. Esperem, porque nós vamos voltar", concluiu.

A condenação por corrupção e lavagem torna Lula inelegível pela Lei da Ficha Limpa. Ele pode ser candidato, porém, até que o TSE defina sua situação eleitoral.

Após o discurso de Lula, militantes de esquerda e integrantes de movimentos sociais e centrais sindicais iniciaram uma marcha a partir da Praça da República até a avenida Paulista.

Fonte: UOL

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