Dez açudes no Ceará apresentam problemas estruturais; dois deles no Cariri

De 25 barragens no Brasil que apresentam algum tipo de comprometimento estrutural, pelo menos dez estão no Ceará. Os dados são do Relatório de Segurança de Barragens da Agência Nacional de Águas (ANA), divulgado ontem. O documento é anual, a partir de coleta de dados fornecidos por órgãos estaduais e federais. Mas, segundo a Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh), estão defasados, pois alguns consertos já foram feitos

Esse número pode se incluídos o Trussu, em Iguatu, e Lima Campos, em Icó, duas barragens federais, administradas pelo Departamento Nacional de Obras contra a Seca (Dnocs), que apresentam problemas de erosão e vegetação na parede. Os buracos trazem preocupação para os moradores. O medo aumenta no período de chuva e tomada de água dos reservatórios.

O gerente de Segurança e Infraestrutura da Cogerh, Bertyer Peixoto, tranquiliza: "Não há nenhum açude estadual no Ceará com anomalia preocupante. A Cogerh é pioneira no Brasil e desde 2002 faz dois check lists (inspeções técnicas) por ano, antes e depois da quadra chuvosa". Peixoto disse também não ter conhecimento de comprometimento graves de estruturas em barragens federais no Ceará.

Barragem do Fundão
Depois do grave acidente ocorrido em Mariana (MG), na Barragem do Fundão, em novembro de 2015, que deixou 19 mortos e resultou no maior desastre ambiental do Brasil, autoridades passaram a se preocupar mais com a situação de risco. O relatório é o primeiro após o desastre.

No Ceará, são apontados dez açudes que apresentam problemas de erosão, fissuras, afundamentos e crescimento de vegetação em locais inadequados: Facundo (Parambu), São José II (Piquet Carneiro), Tijuquinha (Baturité), Pau Preto (Potengi), Trapiá (Pedra Branca), Cupim (Independência), São José III (Ipaporanga), Valério (altaneira), Poço Verde (Itapipoca) e Jaburu I (Ubajara).

A Cogerh informou que algumas obras de recuperação já foram realizadas desde o ano passado e, por isso, o relatório da ANA apresenta dados defasados, pois foi elaborado com base em informações enviadas à ANA em 2015. Na Barragem de Facundo, em Parambu, foram investidos R$ 395 mil na recuperação do sangradouro e erosão no maciço. No Açude São José II (Piquet Carneiro) foi feito serviço de recuperação de calhas, drenagem de meio-fio ao custo de R$ 15 mil.

Bertyer Peixoto esclareceu que outros reservatórios - Trapiá, São José III e Valério - apresentavam problemas de conservação, vegetação, que foi retirada, e limpeza feita com mão de obra própria. Para o Tijuquinha, em Baturité, e o Cupim, em Independência, além de outros oito no Interior, estão orçados R$ 3 milhões. "Os projetos estão prontos e em fase de licitação", disse. O Açude Pau Preto, em Potengi, é municipal, mas pode ser contemplado com obra de recuperação a ser feita pela Cogerh.

No Jaburu I, a Cogerh investiu cerca de R$ 3,2 milhões para injeção de concreto na ombreira esquerda da parede, realizado entre outubro de 2016 e março de 2017. Falta concluir a obra na erosão no sangradouro. Em fevereiro, a Cogerh recuperou erosão na Barragem do Batalhão em Crateús, por R$ 340 mil.

Por meio de um Pacto de Cooperação entre a Cogerh e o Dnocs, o órgão estadual vai realizar serviços de recuperação de fissuras no talude do Açude Trussu, em Iguatu. "No próximo dia 18, deve ocorrer a licitação no valor de R$ 420 mil", anunciou o secretário executivo de Recursos Hídricos do Estado, Aderilo Alcântara. "A obra no Trussu começa ainda neste ano".

No Lima Campos, um dos mais antigos do Ceará, construído em 1932, pelo governo federal, técnicos da Cogerh fizeram inspeção. A obra apresenta erosões há pelo menos três anos. "O orçamento está em análise", frisou Peixoto. "A Cogerh tem um controle contínuo e um Programa de Segurança de Barragens que serviu de modelo para a ANA e para outros estados com o check list desde 2002, anterior à lei de 2010 de segurança de barragens", completou.

A rachadura descoberta no sangradouro do Castanhão, o maior açudes do Ceará, foi recuperada em abril, com a selagem da trinca, que tinha mais de 25m de altura pelo lado de dentro e preocupava moradores da Bacia do Baixo Jaguaribe. Os engenheiros do Dnocs afirmaram que a fissura não trazia riscos.

HONÓRIO BARBOSA
COLABORADOR

Fonte: Diário do Nordeste

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