Crato (CE): Secretaria de Segurança Pública do município investe em armas não letais

A Secretaria de Segurança Pública municipal iniciou, nesta semana, o processo de cotação para a aquisição de armas não letais para a Guarda Civil Municipal (GCM). A Prefeitura de Crato espera que, até o fim de novembro, dez pistolas elétricas sejam compradas para o uso dos agentes de segurança da cidade.

Segundo o secretário de Segurança Pública, Jarbas Freire, a Prefeitura aguarda autorização do Exército para o uso deste equipamento. Com chegada das pistolas, terão início capacitações teóricas e práticas para os guardas-civis. "Elas dão maior autonomia e condição de atuação em logradouros públicos, onde costuma ter ocorrências policiais. É um meio mais eficaz de imobilização do infrator", explica.

O titular da Pasta lembra que outros municípios, incluindo Fortaleza e Juazeiro do Norte, já trabalham com as armas não letais e que apenas os guardas treinados utilizarão do equipamento. Por outro lado, confirma que os agentes de trânsito de Crato, diferente das duas cidades, não utilizarão o equipamento.

O diretor regional do Sindicato dos Agentes de Segurança Pública do Ceará (Sindguardas-CE), Tallys Alves, comemorou a notícia, pois era uma das reivindicações da categoria. "A segurança pública Municipal tem que evoluir junto com a Estadual. Hoje, as guardas-civis têm novas atribuições. Isso é uma necessidade para prestar esse serviço", garante o agente.

O motorista Francisco Pereira vibrou com a chegada das pistolas elétricas que, segundo ele, servirão para melhor defender o patrimônio público. "Lá no (bairro) Seminário vejo muitos vândalos quebrando os cestos de lixo e os guardas de mãos atadas. Vão pensar duas vezes", conta.

Contraponto
Já o professor universitário Wendell Freitas, que pesquisa há sete anos o tema, acredita que a decisão de equipar os guardas-civis com as pistolas elétricas pode oferecer um risco à segurança pública. "É muito problemático você comprar esses materiais de armamento, porque a não letalidade depende do treinamento, do uso e, fundamentalmente, dos mecanismos de controles que essas instituições têm para inibir práticas autoritárias como abuso de poder, violência policial", argumenta.

Segundo o professor, a reivindicação de uso do armamento vem a partir de uma percepção de risco que esses profissionais acham que estão correndo. "Isso não quer dizer que (os agentes) estão certos ou errados. Mas essa crença tem pautado mecanismos políticos pra reivindicar e materializar isso, tanto nas políticas municipais, quando no âmbito federal, que homologou essa lei", completa.

"Isso tem gerado resultados muito negativos. As estatísticas de violência são cada vez mais significativas. Isso tem sido um sinal de que essa matriz de políticas não está no caminho certo e precisa de uma grande mudança", justifica.

"A gente tem visto os poderes executivos investindo mais em políticas reativas do que propriamente uma reflexão mais sistemática sobre as necessidades delas e avaliação do problema que abrange esse cenário", ressalta.

ANTÔNIO RODRIGUES
COLABORADOR

Fonte: Diário do Nordeste

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