Apresentador Marcelo Rezende morre aos 65 anos vítima de câncer

O apresentador do programa "Cidade Alerta", Marcelo Rezende, morreu neste sábado (16) aos 65 anos em São Paulo. Internado desde o dia 12 de setembro no hospital Moriah, Rezende morreu em decorrência de uma falência múltipla dos órgãos e das complicações do câncer no pâncreas —a doença foi divulgada ao público em maio. A informação foi confirmada pela assessoria de imprensa do hospital.

O mais célebre bordão de Marcelo Rezende, "corta para mim", não era o único. Expressões como "põe na tela", "sururu na casa da Noca", "põe exclusivo, minha filha" e "sapeca iaiá" também rendiam memes, paródias e imitações, entre dezenas de outras. Todas popularizadas ao longo das duas passagens que o apresentador teve à frente do programa.

A primeira foi rápida, de 2004 a 2005. Mas a segunda —de 2012 até inícios de 2017— o consagrou nacionalmente. Nas tardes de segunda a sexta-feira, às vezes com até quatro horas de transmissão ao vivo, a atração conquistava bons índices de audiência, cobrindo crimes violentos e denúncias de maus serviços pelo país afora. 

Junto com o rival José Luiz Datena, do programa "Brasil Urgente" (Band), Rezende se tornou um dos expoentes de uma vertente bastante peculiar do telejornalismo brasileiro, que mistura doses de sensacionalismo, entretenimento e crítica social. Sempre com imenso apelo junto ao público.

O carioca Marcelo Luiz Rezende Fernandes começou sua carreira aos 17 anos, como estagiário do extinto "Jornal dos Sports". Depois passou pela Rádio Globo e alguns veículos da mídia impressa, como o jornal "O Globo" e a revista "Placar" (Editora Abril), especializada em futebol.

Em 1987, chegou à TV Globo, ainda na área de esportes. Transferido para a editoria geral, participou de coberturas como a do Rock in Rio, de 1991, ou a do funeral de Ayrton Senna, em 1994.

Favela Naval
Mas foi com as reportagens policiais que se destacou. Entre elas, a investigação do rumoroso caso favela Naval, ocorrido em 1997: dez policiais foram gravados, em diversas ocasiões, torturando e atirando em pessoas durante operações em um dos bairros mais pobres de Diadema (Grande São Paulo). Considerada um marco no telejornalismo brasileiro, a série de reportagens também foi um divisor de águas na carreira de Rezende.

Em 1999, o jornalista ganhou seu próprio programa, dessa vez em horário nobre: o polêmico "Linha Direta", que dramatizava crimes notórios carregando nas tintas do suspense. A atração foi um sucesso, apesar de criticada por espetacularizar a violência. Mas Rezende, um de seus criadores, permaneceu nela por apenas um ano.

Saiu da Globo em 2002, passando, entre algumas idas e vindas, por Band, Rede TV! (onde foi âncora do telejornal "Rede TV! News") e Record. Foi nesta última onde acabou se firmando como uma das personalidades mais conhecidos da televisão brasileira.

Sem papas na língua, Rezende deixava claras suas preferenciais políticas: era a favor da pena de morte para bandidos violentos e da redução da maioridade penal, como seria de se esperar de um apresentador com seu perfil. Mas também era contra a reforma previdenciária proposta pelo governo Michel Temer. E, em junho e julho 2013, foi muito elogiado por dedicar boa parte de seu programa à cobertura das manifestações que sacudiram o Brasil.

Diagnosticado no começo de 2017 com um câncer avançado no pâncreas, já com metástase no fígado, Rezende tornou pública sua doença no programa "Domingo Espetacular" (Record). A longa entrevista teve enorme repercussão.

Afastou-se em maio do "Cidade Alerta" e passou a atualizar frequentemente sua página no Facebook, com vídeos onde contava detalhes de seu tratamento médico —uma forma, segundo Rezende, de combater a proliferação de notícias falsas sobre sua morte. Chegou a anunciar que abandonaria a medicina tradicional, em busca de uma “cura espiritual”.

Marcelo Rezende deixa quatro filhos e uma filha, de idades entre 15 e 40 anos, cada um de uma mulher diferente — e um neto. Além da namorada, a jornalista Lu Lacerda. 

Fonte: F5/Folha.com

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