Jóias são criadas com rejeitos de Pedra Cariri

Os rejeitos da pedra cariri descartados nas minas de extração estão ganhando forma e valor nas mãos de cinco jovens, estudantes e concludentes do curso de Design de Produto, da Universidade Federal do Cariri (UFCA). O grupo tem transformado o calcário sedimentar laminado em joias artesanais e industriais que levam, consigo, marcas e traços inerentes à região do Cariri. Ao todo, já foram produzidas por eles 18 peças, entre pingentes, brincos e anéis.

A partir dos rejeitos da pedra cariri, os jovens fabricam joias utilizando os conhecimentos teóricos e práticos, além das técnicas de manuseio e lapidação, sob a orientação da professora e coordenadora do curso, Ana Videla, e do técnico em laboratório e ourives, Cícero Mendonça. "Tudo começou quando o reitor pro tempore da UFCA, professor Ricardo Ness, nos instigou a utilizar o refugo da Pedra Cariri de alguma forma. A gente identificou que poderiam ser feitas joias a partir da pedra e abraçamos a ideia", conta João Côrtes, 23, estudante do 6º semestre.

Ourives há mais de três décadas, Cícero explica que a composição do calcário ajuda na confecção das joias, "por ser uma pedra mais mole e fácil de moldá-la". Além da beleza estética, a joia tem apelo ambiental, dizem os acadêmicos. "A produção da Pedra Cariri é muito grande, logo há muito refugo, muitos rejeitos, que até então não tinham muita utilidade. Então, essa proposta de reutilizar a pedra é importante também para manutenção do meio ambiente".

As peças foram produzidas no Laboratório de Joias do curso de Design da UFCA, no campus de Juazeiro do Norte. O espaço é destinado às disciplinas de Materiais e Fabricação de Joias I e II, Laboratório de Joias, Laboratório de Experimentação em Joalheria. Para Videla, "o próprio ato de confeccionar uma peça é estimulante no sentido de explorar o potencial de técnicas a serem adotadas no projeto final".

Para o estudante Alan Araújo, "fazer joias com uma matéria-prima tão especifica da região foi uma experiência enriquecedora, pois, além de estarmos agregando valor a um rejeito, estamos divulgando o Cariri. Algumas peças têm o soldadinho, outras a própria pedra cariri como joia, enfim, foi um trabalho enriquecedor".

Antes da fabricação, porém, os estudantes criaram perfis próprios. Cada um deles imprimiu na sua peça uma identidade. "Minhas peças possuem linhas horizontais, por exemplo. Cada um de nós atua com um perfil, mas sempre representando a região", pontua a acadêmica do 6º semestre, Dayane Araújo.

Após a criação das 18 peças, durante cerca de duas semanas, o grupo expôs o trabalho na primeira semana de junho na terceira edição do Fortaleza Brazil Stone Fair (FBST), uma feira internacional voltada para exposição e comercialização de mármores, granitos, quartzitos, limestones, pedras laminadas, maquinário e equipamento para a cadeia produtiva de rochas ornamentais.

Segundo a estudante Márcia Ferreira, do 5º semestre, a partir da exposição na feira, empresas de extração de granito e mármore doaram fragmentos de rochas para que os discentes utilizem futuramente em um segundo experimento após os testes com o calcário. O próximo passo, conta Dayane, é comercializar as peças e, a depender da demanda, dar continuidade à produção. Para precificar os produtos que são todos exclusivos, os estudantes utilizam uma série de tabelas, até chegar no preço final.

"Levamos em consideração o tempo que foi gasto para confeccionar cada joia, o tamanho da peça, o material que nele foi empregado e uma margem de lucro", explica o acadêmico João Côrtes. Dentre as 18 unidades já confeccionadas, o valor de comercialização varia entre R$ 100 e R$ 250.

ANDRÉ COSTA
COLABORADOR

Fonte: Diário do Nordeste

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