Lula chama procurador de "moleque" e diz que Lava Jato "não precisa de um crime"

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva chamou o procurador federal Deltan Dallagnol, coordenador da Força-Tarefa da Lava Jato, de "moleque" e voltou a fazer críticas à operação. "A Lava Jato não precisa de um crime. Primeiro ela acha um criminoso e depois ela tenta colocar o crime em cima do criminoso", disse durante o seminário intitulado O que A Lava Jato Tem Feito Pelo Brasil, realizado nesta sexta-feira (24), na sede do Diretório Nacional do Partido dos Trabalhadores, em São Paulo.

Lula chamou Dallagnol de "moleque" ao comentar o episódio da apresentação feita em PowerPoint, em setembro do ano passado pelo MPF-PR (Ministério Público Federal do Paraná), quando o procurador afirmou que o ex-presidente era "o comandante máximo do esquema investigado na Operação Lava Jato". "Ele disse que o PT foi criado para ser organização criminosa. O que é que aquele moleque sabe de política?", questionou Lula, após dizer que o Partido dos Trabalhadores foi criado para "mudar a história desse país".

Em dezembro, os advogados de Lula entraram com um processo contra Dallagnol pedindo R$ 1 milhão de indenização por danos morais. A ação acusou o procurador procurador de ter promovido "ataques à honra, imagem e reputação" de Lula.

Lula defende o PT, chama Dallagnol de moleque e diz não ter medo
O ex-presidente disse ainda que a Justiça Federal tem agido sem respeitar os ritos. "Virou uma coisa a ponto do TRF-PR dizer que a Lava Jato tem o direito de agir sem precisar cumprir todos os ritos". E acrescentou: "O PT tem a obrigação de ir no Congresso brigar por essa causa, tem gente brigando muito, porque não pode deixar de aprovar a lei de abuso de autoridade, porque ninguém está acima da lei."

Lula disse ainda que "um juiz precisa da imprensa para execrar as pessoas" na opinião pública e assim facilitar o seu julgamento e que o Congresso "está com medo" da Lava Jato.

"Depois que eles execram as pessoas, tem gente que não tem coragem de sair de casa. O que eu acho? Quando se trata de denúncia de corrupção, a primeira reação é ficarem com medo. O congresso tem medo, o Judiciário está com medo, a sociedade está com medo. Ninguém sabe o que pode acontecer amanhã", disse.

O ex-presidente falou da dificuldade dos investigados que estão presos conseguirem habeas corpus, comparando o fato com o que acontecia durante a ditadura militar. "Foi negado o do Vaccari [João Vaccari Neto, ex-tesoureiro do PT] agora pelo ministro [Edson] Fachin. Ele já está preso há dois anos e ninguém consegue", disse.

Lula se despediu da plateia afirmando que não tem medo e que lutará até o fim, mencionando o depoimento que dará ao juiz Sérgio Moro o dia 3 de maio e recebendo ovações do público que participou do seminário.

Depoimento na Lava Jato
O ex-presidente Lula prestou seu primeiro depoimento como réu da Lava Jato no último dia 14, em Brasília, na ação em que é acusado de ser o mandante da tentativa de compra do silêncio do ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró. O ex-presidente negou que tenha tentado interferir na Lava Jato e disse que não indicou Cerveró para a diretoria da estatal.

"O senhor [juiz] sabe o que é levantar todo dia achando que a imprensa vai estar na porta de casa porque eu vou ser preso?", afirmou o petista ao juiz federal Ricardo Augusto Soares Leite, da 10ª Vara Federal, em Brasília.

Lula é réu em cinco processos, sendo três deles relacionados à Operação Lava Jato. Ele ficará cara a cara com o juiz Sérgio Moro no dia 3 de maio. Esta será a primeira vez que o petista e o magistrado símbolo da Operação Lava Jato ficarão frente a frente na sala de audiência do 2º andar do prédio da Justiça Federal, em Curitiba. Lula já depôs em audiência comandada por Moro, mas via teleconferência (o ex-presidente em São Paulo, o juiz em Curitiba), como testemunha de defesa em uma ação cujo réu é o ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ).

Fonte: UOL

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