Agricultores viajam de bike pela América Latina em busca de ideias para driblar a seca no Ceará

A estiagem que atinge o Ceará pelo quinto ano consecutivo força vários agricultores a se reinventarem para continuar a vida. Plantar, colher e comercializar produtos oriundos da terra se tornou um um pesadelo para quem vive do semiárido cearense. Entre as criações de alternativas de sobrevivência surgiu, no Assentamento Barra do Leme, em Pentecoste (a 80 quilômetros de Fortaleza), o projeto Rebrotando Olhos D’água.

Conquistado em 1996 por famílias oriundas dos municípios cearenses Madalena e Pentecoste, o Assentamento Barra do Leme foi uma das regiões mais desgastadas pela produção de carvão e pela pecuária. Com a intenção de recuperar o local, algumas famílias lançaram o movimento ecológico para mobilizar as comunidades do entorno visando destacar a urgência na preservação da caatinga.

Mas somente este projeto não foi suficiente. Sentindo a necessidade de algo mais, o casal Ivânia Maria e Inácio Nascimento, que vivem na região, decidiram realizar uma ação devido a grande dificuldade em acessar sementes crioulas. Juntos, eles resolveram viajar de bicicleta pela América Latina numa campanha de resgate pela diversidade ecológica.

Durante toda a aventura, o casal passou por mais de 10 mil quilômetros, conhecendo diversas comunidades de resistência e também as investidas e impactos negativos do agronegócio. E foi durante essa viagem que a ideia do projeto Rebrotando Olhos D’água surgiu.

Como forma de alternativa para a seca na região, o projeto se trata da criação de um sistema subterrâneo de reservatórios de água interligados, que tem como finalidade a retenção de água no solo visando sua recuperação gradativa. Contudo, para construir essa alternativa para a seca é preciso de recursos financeiros. Para conseguir arrecadar toda a verba, os agricultores tiveram a ideia de transformar toda a experiência num documentário chamado “Ciclovida: Lifecycle”.

Nele, os viajantes mostram a dominação dos agrocombustíveis no campo e o deslocamento de milhões de pequenos agricultores e comunidades indígenas. O filme está sendo utilizado numa campanha de financiamento coletivo para divulgar as preocupação destes agricultores e arrecadar todo o recurso necessário, valor em torno de R$ 20 mil.

Toda a quantia será destinada para comprar tratores, materiais orgânico, canos, ferramentas necessárias e até para a remuneração dos trabalhadores da região. Mas faltando apenas 30 dias para o fim da campanha o projeto só conseguiu pouco mais da metade do necessário.

Repercussão do documentário
A partir do filme Ciclovida: Lifecycle, o assentamento passou a receber pessoas de vários países e estados brasileiros interessadas em agroecologia, autogestão e autonomia que formaram o Ciclovida, uma rede de pessoas que se encontram para construir (cisterna de ferro cimento, agrofloresta, biocontruções), plantar “sementes de rebeldia”, refletir possibilidades e colher afeto e alimento.

O documentário foi escolhido o melhor documentário na categoria Conservação do Green Screen Environmental Festival Film/2010 e selecionado para o Blue Planet Film Festival emLos Angeles, EUA e Byron Bay Film Festival na Austrália.

Fonte: Tribuna do Ceará

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