Internautas apelam à preservação dos Ipês na área da Ciclovia do Cariri

Uma verdadeira campanha pela preservação de cinco Ipês-amarelos vem sendo realizada por caririenses, principalmente nas redes sociais. Uma das árvores, no meio do canteiro central, onde está sendo realizada a obra da Ciclovia do Cariri, esbanja beleza, por estar em plena florada e chama a atenção das pessoas que passam pelo local. Operários que se encontravam trabalhando na área, na manhã desta terça-feira, desconhecem se as árvores serão retiradas, mas acreditam que, pela localização, certamente poderão ser cortadas. Os postes do canteiro central e equipamentos de fiscalização eletrônica estão sendo retirados desde que a obra foi iniciada.

A beleza da árvore tem sensibilizado as pessoas, que normalmente não têm falado das outras quatro que já perderam as flores amarelas, mas que estão no mesmo alinhamento da robustez do florido Ipê. A árvore Pau d’arco, que normalmente começa a sua florada no final de agosto, encanta os caririenses até outubro com suas cores exuberantes. Assumiu até o status de ‘rainha do sertão’ e inspirou poetas como Antônio Gonçalves da Silva, o Patativa do Assaré.

A advogada Íria Bandeira apela para a sensibilidade do poder público em buscar uma alternativa para a preservação das árvores. A obra da Ciclovia, que alcança 17 quilômetros e está orçada em R$ 2, 6 milhões, lançada pelo Governo do Estado em abril deste ano, foi bastante requisitada pelos grupos de ciclismo da região, possibilitando melhorias na mobilidade urbana. Mas, apesar dos avanços da obra, principalmente entre Crato e Juazeiro do Norte, vem tendo críticas relacionadas ao espaço dividido com os postes, e as dificuldades para quem atravessa a via, com riscos maiores para os transeuntes. Por conta disso, as pessoas começam a reivindicar passarelas na área.

O artista plástico Wanderson Petrova, também faz um apelo para que “deixem ela florescer, deixem ela viver !”. Na página do Facebook, o perfil Doid@s pelo Crajubar, questiona se a árvore será cortada mesmo por conta da ciclovia. “Amados, não reclamem do calor! Este pode ser o último florescer desta maravilha que cabe bem na vista de qualquer um que por ali costuma passar! Gente, não permita Isso”, fica o pedido dos administradores da página.

Ìria Bandeira ainda ressalta que não é uma ‘tempestade em copo d’água’, pois ações de retiradas de árvores das vias tem acontecido por ordem do poder público, sem qualquer explicação plausível, ou pela ignorância de empresários para dar visibilidade à fachadas de seus negócios.

O ipê-roxo tem uma florada depois ou basicamente simultânea ao ipê-amarelo. A bióloga Ana Cleide Mendonça, mestre em Bioprospecção Molecular da Universidade Regional do Cariri (URCA) e pesquisadora na área de Botânica, afirma que desde 2010 vem observando as floradas na região. A pesquisadora destaca que tanto o amarelo quanto o roxo estão presentes em grande quantidade na região, mas há características diferenciadas para as espécies, também no contexto regional.

Árvore Tipicamente Brasileira
O pau d’arco ou Ipê é uma árvore tipicamente brasileira. No Cariri é vista de forma abundante na área da Chapada do Araripe, com espécies diferenciadas e floradas como cores distintas, como o amarelo, roxo, e em algumas localidades, pouco comum na região, o branco. O ipê-roxo é indicado pelos moradores de comunidades, como árvore medicinal, principalmente indicada como anti-inflamatório. A madeira é bastante usada em construções e na fabricação de móveis. Mesmo com a exploração, principalmente do roxo, deverá haver um incentivo para o replantio em áreas degradadas. Este ano, a região cotou com uma das maiores floradas dos últimos anos. (Elizangela Santos).

ELIZÂNGELA SANTOS
REPÓRTER

Fonte: Diário do Nordeste

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