Alunos ocupam colégios no Cariri cearense

Pelo menos 60 alunos estão ocupando a Escola de Ensino Fundamental e Médio (EEFM) Presidente Geisel Polivalente, em Juazeiro do Norte, desde o último dia 29. A escola foi a primeira a ser tomada pelos estudantes na região. Hoje já são três unidades com a EEFM Dona Maria Amélia Bezerra e o Centro de Atenção Integral à Criança e ao Adolescente (Caic) Dom Antônio Campelo de Aragão.

Segundo os grêmios estudantis, ficou acordado, durante assembleia realizada entre estudantes de outros colégios, que mais três escolas serão ocupadas ainda nesta semana: a EEFM Prefeito Antônio Conserva Feitosa e os colégios Liceu de Juazeiro e Crato, totalizando seis unidades no Cariri cearense.

O manifesto dos estudantes, entre outras pautas, é de apoio aos docentes da rede estadual de ensino, que está em greve há 20 dias. Eles também reivindicam aumento da verba para merenda escolar (atualmente de R$ 0,31 por aluno); revogação da Portaria de Lotação (PL) Nº 1169/15; aumento dos recursos para projetos pedagógicos e culturais; e reforma nos prédios e renovação dos equipamentos, dentre outras.

O presidente do Grêmio estudantil Presidente Geisel, Felipe Alves de Araújo, 15, revela que "em algumas salas, o teto está caindo em meio às aulas". O estudante critica o "sucatamento geral das escolas e do ensino" e diz que "educação de qualidade é uma direito de todos".

Mobilização
Periodicamente os estudantes realizam assembleia com a participação de membros de outros grêmios para "aumentar a adesão e fortalecer a ocupação", conforme explica Felipe.

O resultado é o crescimento do movimento. Oficialmente, até ontem, a Secretaria da Educação do Estado do Ceará (Seduc) já contabilizava 17 escolas ocupadas, sendo 15 delas em Fortaleza. No entanto, este número tende a crescer. "Em Juazeiro do Norte são três escolas já ocupadas e mais duas serão até quarta ou quinta. Em Crato, ocuparemos o Liceu", pontuou o presidente do grêmio.

Segundo ele, além dos 60 estudantes, com idades variando entre 14 e 17 anos, que estão integralmente no Colégio Polivalente, outros 140 participam das atividades diárias, como oficinas, palestras, roda de debate e manutenção do prédio. Em média, cada colégio ocupado conta com 50 alunos em período integral e outros 130 durante o dia.

"Não queremos alunos ociosos. Todos nós temos uma função aqui dentro. Para além disso, nossa rotina é preenchida com diversas atividades, como, por exemplo, a roda de conversas realizada no último domingo, com nossas mães", declarou Felipe Araújo.

Sobre as ocupações, a Seduc reforça que está aberta ao diálogo com professores e alunos e não impedirá o acesso dos estudantes às escolas, desde que haja respeito ao patrimônio. Em nota, destacou que, de acordo com o Código Civil, os pais são responsáveis legais por quaisquer atos de seus filhos.

Investimento
Ontem, o governador Camilo Santana (PT) anunciou um pacote de investimentos na Educação que beneficia diretores, professores e alunos da rede estadual. Ao todo, serão mais de R$ 140 mi, sendo a maior parte diretamente nas escolas para reformas e manutenção, alimentação dos estudantes, laboratórios de informática e aumento da carga horária para ambientes pedagógicos, contemplando algumas das reivindicações. Além disso, foi reafirmado o compromisso com outras demandas já garantidas para a categoria dos professores.

Para reformas nas escolas estaduais, estão garantidos recursos no valor de R$ 32 mi, e para manutenção de cada unidade, será criado um fundo de R$ 5 mi ao ano para dar agilidade e facilitar os reparos necessários no dia a dia. Sobre a alimentação escolar, além do valor já investido atualmente, a Seduc fará a aquisição e distribuição de arroz, feijão, macarrão, massa de milho e açúcar de forma imediata, o que representa um investimento de R$ 6,4 milhões ao ano.

Saiba mais
As ocupações, no Ceará, tiveram início após a deflagração da greve dos professores, no último dia 20 de abril.

As principais reivindicações do docentes são melhoria das condições de ensino e trabalho na rede estadual, realização de novos concursos públicos e reajuste salarial de 12,67%.

A Justiça decretou, na última sexta-feira, a ilegalidade da paralisação.

O Sindicato dos Professores e Servidores da Educação (Sindicato Apeoc) afirmou, por nota, que vai recorrer da decisão.

A greve afeta cerca de 445 mil alunos, a maioria do Ensino Médio, em aproximadamente 700 escolas do Estado.

ANDRÉ COSTA
COLABORADOR

Fonte: Diário do Nordeste

Curta nossa página no Facebook



Nenhum comentário:

Postar um comentário

AddThis