Ministro admite racionar energia se nível de reservatórios cair a 10%

O ministro Eduardo Braga (Minas e Energia) disse nesta quinta-feira (22) que um racionamento de energia elétrica será decretado caso o nível dos reservatórios chegue ao limite chamado de "prudencial", estabelecido em 10%.

Na última segunda-feira (19), um apagão atingiu 11 Estados e o Distrito Federal.

"10% é o limite prudencial", disse. "Nenhum reservatório de hidrelétrica pode funcionar com menos de 10% de água. Ele tem problemas técnicos que impedem que as turbinas funcionem. Não é no Sudeste. É em qualquer lugar", destacou.

De acordo com os dados mais recentes publicados no site do ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico), o nível dos reservatórios no Sudeste/Centro-Oeste, os mais importantes para geração hídrica no país, está em 17,43%.

O nível é mais baixo que o de janeiro de 2001, ano em que o governo, comandado à época por Fernando Henrique Cardoso, colocou um plano de racionamento de energia em prática. Em janeiro de 2001, os reservatórios do Sudeste/Centro-oeste estavam 31,41% cheios.

O Nordeste está 17,18% cheio e o Norte, 35,2%. Apenas a região sul apresenta indicador melhor (67,17%).

Durante a tarde, Braga esteve reunido com o ministro-chefe da Casa Civil, Aloizio Mercadante, para tratar o assunto.

"Estamos também muito preocupados com a situação hidrológica. Inclusive amanhã teremos uma reunião na casa Civil com a ANA (Agência Nacional de Águas), o Ministério do Meio Ambiente, de Ciência e Tecnologia e outros, porque o nível hidrológico chegou a níveis mínimos em várias regiões", explicou.

"Estamos fazendo um acompanhamento muito de perto. Por causa das hidrelétricas e por questões de abastecimento", completou.

Braga disse que a reunião desta tarde foi uma preliminar para o encontro desta sexta-feira (23), quando será elaborado plano de ações e detalhados cenários possíveis.

Argentina
Ao comentar a importação de energia da Argentina, o ministro disse que o Brasil tem desde 2006 um acordo com o país vizinho.

"Nós temos, portanto, um sistema interligado com a Argentina. É normal nós usarmos a energia deles e eles usarem energia nossa. Isso sequer é tratado como compra de energia. O que nós temos é compensação de energia. Isso é feito desde 2006", afirmou.

Quando questionado sobre o motivo do uso neste momento, especificamente, já que essa importação não era feita desde 2010, Braga disse não ter a informação.

"A informação que tenho é que não é a primeira vez que ela é usada. Ainda não vi os boletins do ONS", explicou.

Braga destacou que a medida não foi emergencial e voltou a destacar que "não falta energia no Brasil".

"Para você ter uma ideia, no dia de ontem tínhamos 2,5 GW de energia sobrando no Nordeste, mas por limitações que temos nos entroncamentos das nossas linhas de transmissão, não tínhamos como trazer essa energia para o Sudeste", afirmou.

"No total temos energia mais do que suficientes . Muitas vezes o que acontece é que temos que remanejar através das linhas de transmissão. Isso não significa dizer que está faltando energia", concluiu.

Esta semana o Brasil voltou a importar energia da Argentina para fazer frente ao consumo intenso no país.

Nesta quarta-feira (21), pelo segundo dia consecutivo, uma carga do país vizinho foi enviada por uma interligação no Rio Grande do Sul.

Na última terça (20), um dia depois do apagão que atingiu 11 Estados e o Distrito Federal, o ONS autorizou a transferência de energia.

Foi a primeira vez que o governo Dilma Rousseff usou um acordo firmado em 2006 com o país vizinho, projetado para funcionar em situações de emergência. As últimas importações ocorreram em novembro e dezembro de 2010.

Histórico
Na última terça-feira (20), porém, Braga afirmou que o apagão não ocorreu por falta de energia, mas por uma sequência de desligamentos.

No mesmo dia, o diretor-geral do ONS, Hermes Chipp, afirmou que não houve apagão. "O que houve foi um corte preventivo feito pelo operador para evitar o desligamento de maiores proporções", disse.

A posição do ministro tentou se sobrepor ao fato de que, segundo o próprio ONS, houve um recorde de consumo de energia minutos antes de o desligamento ocorrer.

Fonte: Folha.com



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